Exibem poemas

Exibem

A pele como camiseta

Nas mãos, de cada um,

Três limões murchos

Que,

Depois do breve espetáculo,

Não dariam uma limonada.

 

Ágeis

Corpos esquálidos.

Um trepa no ombro do outro.

Começam.

Trocam limões

Que

Descem, sobem,

Dançam.

Tentam cair,

Escondem-se,

Equilibram-se

Por entre mãos magras,

Seguras do ato

 

Mágica.

 

Com a mesma rapidez da subida,

Escorrega pelas costas do parceiro

Agarradinho,

Agradecendo o momento,

 

Deslizam entre os carros,

Recolhem moedas.

 

Na parte da frente da camiseta

Cor da pele transparente,

Quase apagados,

Uns escritos com liquid paper

Ou seria com pasta de dentes?

 

Deus é fiel.

Jesus te ama.

Como assim?

Ela se pergunta

Do outro lado da cena

Na ausência presente do momento

 

Cachê recolhido.

Nesse dia

O produto vendido:

Arte.

Malabarismo com limões murchos

E com a vida.

 

Texto publicado em 2017 pela FLUP  no livro Seis temas á procura de um poema.

eNTReGa – eRa uMa VeZ No PaPeLão

Os livros e as bonecas Abayomis produzidos pelos meus alunos foram entregues para as crianças de Sepetiba, uma ação que se denomina Crianças com Oxalá. Essas crianças são apadrinhadas, recebem presentes e um dia com brincadeiras, músis e muita pizza.

Os adolescentes da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro está deixando um legado para os pequenos. Obrigada a todos os meus alunos pela bondade e disposição.

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A MeNiNa CLaRa, CLaReou Meu Dia

Ontem, tive a grata satisfação de escutar o texto – Mulheres Negras do Facção Central, declamado por uma das lindas alunas, Clara, que estavam presentes no evento – 5º Seminário das relações étnicos-raciais, promovido pela Metropolitana IV – SEEDUC/RJ. Belo momento, quando a menina lia entre as suas lágrimas. Foi forte.

Dedicado a todas as minhas alunas que lutam, diariamente, para serem ouvidas e vistas como ser que faz parte dessa sociedade.

Mulheres Negras
Eduardo – Facção Central

Enquanto o couro do chicote cortava a carne,
A dor metabolizada fortificava o caráter
A colônia produziu muito mais que cativos,
Fez heroínas que pra não gerar escravos, matavam os filhos
Não fomos vencidas pela anulação social
Sobrevivemos à ausência na novela, no comercial
O sistema pode até me transformar em empregada,
Mas não pode me fazer raciocinar como criada
Enquanto mulheres convencionais lutam contra o machismo,
As negras duelam pra vencer o machismo, o preconceito, o racismo
Lutam pra reverter o processo de aniquilação
Que encarcera afrodescendentes em cubículos na prisão
Não existe lei Maria da Penha que nos proteja
Da violência de nos submeter aos cargos de limpeza
De ler nos banheiros das faculdades hitleristas,
Fora macacos cotistas
Pelo processo branqueador não sou a beleza padrão,
Mas na lei dos justos sou a personificação da determinação
Navios negreiros e apelidos dados pelo escravizador
Falharam na missão de me dar complexo de inferior
Não sou a subalterna que o senhorio crê que construiu
Meu lugar não é nos calvários do Brasil
Se um dia eu tiver que me alistar no tráfico do morro,
É porque a Lei Áurea não passa de um texto morto
Não precisa se esconder, segurança
Sei que cê tá me seguindo, pela minha feição, minha trança
Sei que no seu curso de protetor de dono praia,
Ensinaram que as negras saem do mercado com produtos em baixo da saia
Não quero um pote de manteiga ou um xampu,
Quero frear o maquinário que me dá rodo e URU
Fazer o meu povo entender que é inadmissível,
Se contentar com as bolsas estudantis do péssimo ensino
Cansei de ver a minha gente nas estatísticas,
Das mães solteiras, detentas, diaristas.
O aço das novas correntes não aprisiona minha mente,
Não me compra e não me faz mostrar os dentes
Mulher negra não se acostume com termo depreciativo
Não é melhor ter cabelo liso, nariz fino
Nossos traços faciais são como letras de um documento
Que mantém vivo o maior crime de todos os tempos
Fique de pé pelos que no mar foram jogados,
Pelos corpos que nos pelourinhos foram descarnados
Não deixe que te façam pensar que o nosso papel na pátria,
É atrair gringo turista interpretando mulata
Podem pagar menos pelos mesmos serviços
Atacar nossas religiões, acusar de feitiços
Menosprezar a nossa contribuição na cultura brasileira,
Mas não podem arrancar o orgulho de nossa pele negra
Mulheres negras são como mantas Kevlar,
Preparadas pela vida para suportar
O racismo, os tiros, o eurocentrismo,
Abalam mais não deixam nossos neurônios cativos.

Que é iSSo?

Para o meu amigo, irmão, filho e inspiração Wallace Lopez Espaçólogo
Michel Foucault,
É isso um cachimbo?
Uma pedra?
As meninas de Velásquez em palavras?
O que é isso Michel Foucault?
Nada.

“Era uma vez no papelão”

O projeto: “Era uma vez no papelão” traz o livro elaborado pelos alunos das turmas 2003 e 2004 do CIEP 336 – Octávio Malta, intitulado – Parnasianismo e Simbolismo.
As mandalas trazem a reflexão da “arte pela arte” o homem contido na estética e para o simbolismo os alunos escreveram poesias que deviam conter duas figuras de linguagem muito usadas pelos poetas simbolistas: personificação e sinestesia. Assim ficou a obra final.

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HéLio, QueiMaDos e PeTeR FRaMPToN

No ano de 1977, tinha 16 anos e era bolsista de um colégio particular, em Jacarepaguá que não existe mais – SUSE – Sociedade Universitária Santa Edwiges, precisamente na rua Cândido Benício, entre o Campinho e a Praça Seca, hoje nesse prédio funciona uma escola da rede estadual.  O colégio era dirigido por um deputado que se chamava Mesquita Braulio e sua família e nele eu fazia um curso Técnico de Secretáriado que nunca me serviu para nada. Aprendi, com bons professores, mecanografia, datilografia, taquigrafia, contabilidade, além das disciplinas da base comum. Lembro-me bem de dois professores, o Paes Leme que ensinava a escrita comercial e taquigrafia e o professor mais legal de todos, o Hélio de Educação Física, ele nos proibia de chamá-lo de senhor ou professor. Os dois já não vivem mais, lembro que o Hélio morreu novo ainda, depois de contrair leptospirose, quando houve uma enchente no Rio de Janeiro e inundou a sua casa que ficava no bairro vizinho, Vila Valqueire. O Paes Leme encontrei algumas vezes, era espírita e tinha um cargo de diretor na Escola de Samba Tradição.

O Hélio era o tipo de professor que se importava com TODOS os alunos, nos tratava muito bem, tinha tanto apreço pela gente que sempre nos convidava para a festa junina que acontecia na sua casa. Sua mulher e filhos também eram muito legias. Mas o fato mais marcante, além das aulas de educação física, que eram bem animadas, com muitos polichinelos, abdominais, alongamente, handbol,  etc, foi o dia em que ele resolveu levar todas as suas turmas, eram umas quatro, para passar um final de semana inteirinho, num sítio em Queimados. Em um primeiro momento, meus pais, não queriam deixar eu ir, tinha que pagar (até nem era muito), mas como sempre fui boa aluna, centrada, comportada, também contei com a ajuda do professor, que escreveu um bilhete para meus pais, pedindo que eles permitissem a minha ida, pois ia ficar de olho em mim; meus pais não tiveram outra alternativa, pagaram e deixaram eu ir. Felicidade total, e toca ligar para as amigas, para definirmos as roupas, o biquini, o pijama, os lanches para a tarde e noite de sábado. Fomos quase todos os alunos, em torno de uns 80 adolescentes, saimos sexta no final da tarde para voltarmos no domingo, também de tardezinha. O sítio era maravilhoso, uma piscina enorme, campo de futebol, várias quadras, espaço de convivência, jogos, com um café da manhã e uma comida bem gostosa. Quartos separados para meninos e meninas. Pasmem! Só o professor Hélio como responsável. Quando chegamos na sexta, o tempo muduou e caiu um pé d´água. E quem diz que adolescente liga para o frio, a chuva? Que nada, todos mergulhamos e ficamos na piscina, conversando, paquerando, cantando e declamando alguns poemas que sabíamos de cor. Ninguém queria dormir, porém o frio bateu, trocamos de roupa e ficamos em um espaço que tinha uma grande mesa de sinuca e um som, esses tipos 3em1, mas não tínhamos levado as fitas e o dono do lugar só tinha uma fita com uma única música. Dançamos essa música o final de semana inteiro. “Shom me the way”

Nunca mais esqueci o Hélio, o Augusto que continua sendo meu amigo até hoje, e naquele final de semana comecera o meu segundo namoro com o Emerson Tholomeu Gherardi, nunca mais soube dele. Essa é uma outra história, agora, fiquem com o #oSoMDoMeuTeMPo

Gosto dessa música até hoje, eu e minha amigas achávamos que o Peter era o cara. Ele ontinua bem interessante.

aSSiM São oS PáTioS DaS eSCoLas VII

Hoje na sala de aula…

– Ô Professora! 
– Sim.
– Com todo respeito, quantos anos a senhora tem? 
– 53
– Puxa! nem parece. A senhora é bem bonita, se eu fosse um coroa bem que ia tentar namorar a senhora, mas só tenho 16.
A professora tentando manter a seriedade diz:
– Além de você ser uma criança, e mesmo que você fosse um coroa, eu já tenho um namorado.
– Sorte dele.

Adoro os alunos do CIEP!

Galeria

FaZeNDo aRTe

Esses são alguns trabalhos realizados no Grupo LiterArte, um espaço de criação dentro do Colégio Estadual Hebe Camargo. Projeto idealizado pela Professora de Língua Portuguesa Cristiane Alves e que conta com a conribuição de vários alunos, além de outras duas professoras: Rosângela Lannes (Espanhol) e Sylvia Arcuri (Língua Portuguesa)

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